O processo de conversão do negro : umbanda e pentecostalismo
Inara da Rocha Simplicio
RESUMO
O trabalho de pesquisa aqui desenvolvido, nasceu da idéia de retomamos um dos grandes temas da sociologia brasileira que são o estudo do negro e da religião. Entramos nesta problemática partindo de um lugar social específico: um bairro periférico da cidade de Nova 19uaçu, situada na região da Baixada Fluminense e tomando por base as dificuldades da população negra e proletária diante dos conflitos interiores impostos pela dura vida cotidiana. Neste contexto, percebe-se a presença histórica das representações religiosas católica e afro-brasileira. O catolicismo é assistido como a religião preferida da maioria da população. As religiões afro-brasileiras aparecem como alternativas paralelas para a concretização de serviços religiosos. Dado esse contexto religioso, surge o protestantismo, particularmente opentecostalismo, alheio às tradições locais. Ele entra na área propondo a adoção de um novo estilo de crença e de vida, e luta para conquistar adeptos competindo com as religiões ali existentes, tentando conseguir um maior espaço no mercado de ofertas de bens e serviços religiosos. Abre-se então um questionamento sobre o predomínio da preferência pelo catolicismo e sobre os poderes mágico-religios.os das religiões de origem africana, particulannente a umbanda, que utiliza técnicas semelhantes às da religião pentecostal na "cura do corpo e do espírito". A partir desse panorama, o catolicismo e as religiões de origem africana preocupamse com a ameaça da perda dos fiéis e montam estratégias para atrair novos adeptos. Acreditando num desgaste do catolicismo cada vez mais distante das suas atividades sacramentais, o pentecostalismo passa a considerar a umbanda como seu alvo principal na concorrência. O pentecostalismo observa a umbanda como a religião que cultua "espíritos demoníacos" instigando à manifestação do mal. De fonna que a religião umbandista, desse ponto de vista, é considerada a causadora de todos os infortúnios pelos quais passam os adeptos e os clientes que procuram seus poderes. Nesse sentido, os agentes e os adeptos pentecostais, por se considerarem os "soldados de Deus", acham-se não só no direito mas no dever de extirpar o mal, o que procuram fazer, por um lado, atuando sobre as religiões de origem africana e, por outro, tentando converter seus adeptos. A conversão das pessoas oriundas da umbanda para o pentecostalismo é considerada a maior vitória da religião pentecostal no combate do mal. Para o negro pobre oriundo da umbanda que carrega o estigma e o esteFeótipo da cor e da religião, a passagem para o mundo protestante pentecostal parece ser um caminho adotado para livrar-se da condição de malignidade em que se encontra e construir uma nova identidade. Deste modo, ele se aproxima mais da imagem ideal do homem "moderno", integrando-se assim na sociedade"moderna".
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